Quarenta anos depois, a Paris:Sete continua a antecipar o futuro com a mesma clareza com que olhou para o design internacional em 1985. Gustavo Brito, fundador, revisita a história — e projeta o que ainda está por vir.
Há quarenta anos, num tempo em que Lisboa era outra e o design internacional pouco mais era do que uma nota de rodapé no quotidiano português, um jovem estudante de arquitectura decidiu abrir portas à sua intuição. Gustavo Brito tinha 25 anos quando fundou a Paris:Sete, na morada que lhe deu nome — Avenida de Paris, número 7. O que começou por impulso rapidamente se transformou num gesto fundacional: uma loja que foi também laboratório, lugar de descoberta e escola silenciosa sobre o que faz uma peça resistir ao tempo.
Hoje, quatro décadas e várias mudanças de morada depois, a Paris:Sete assinala o percurso com a abertura de um novo showroom na Rua da Escola Politécnica, uma exposição com 40 peças icónicas e o lançamento de um livro que é, ao mesmo tempo, arquivo e manifesto. A marca que introduziu nomes como B&B Italia ou Vitra ao público português continua a afirmar a sua relevância com curadoria apurada, compromisso com a qualidade e um olhar que nunca perdeu a frescura.
Conversámos com Gustavo Brito sobre os marcos, os objetos e as ideias que atravessaram os últimos 40 anos. No fundo, sobre o que significa manter-se fiel a uma visão — e ainda assim, continuar a reinventá-la.
Quarenta anos depois da fundação da Paris:Sete, que imagem guarda do primeiro impulso? Foi mais um gesto visionário ou intuitivo?
Ainda estava na faculdade quando tudo se precipitou. Frequentava o último ano de arquitetura e fui confrontado com a abertura da Paris:Sete totalmente de forma intuitiva, comandada pela vontade de vencer que todos temos com 25 anos. Havia uma pequena experiência adquirida na fábrica de móveis dos meus pais no Porto, mas a realidade foi completamente diferente e reativa às solicitações que começaram a surgir.
A missão de trazer o melhor do design internacional para Portugal manteve-se, mas o alcance expandiu-se — do espaço doméstico à hotelaria, da loja ao serviço de consultoria. Essa evolução foi orgânica ou estratégica?
A exposição dos 40 anos reúne peças que marcaram a identidade da Paris:Sete. Que critérios nortearam esta seleção? Há nelas um fio invisível que conta a história da marca?
Esta exposição é uma cronologia com início no século XX em que encontramos 40 peças que nos inspiram desde sempre. Havia muitas mais, mas limitámo-nos a 40 para apertar ainda mais o critério de escolha. Baseado fundamentalmente na intemporalidade, qualidade de execução e, obviamente, o design como processo criativo.
Além da exposição, o aniversário é assinalado com a abertura de um novo showroom. O que o motivou a abrir um novo espaço precisamente agora?
Como é que este novo showroom se diferencia do espaço principal? Que experiência pretende proporcionar aos visitantes?
O novo showroom vai ser o único que iremos ter no centro da cidade. Irá contar com uma experiência muito dinâmica, apoiada pela inovação digital, divisão de projetos de interiores e uma vivência do espaço interativa com o visitante.
Outro marco destas celebrações é o lançamento de um livro. Que história quer contar com esta edição? É um registo de memória ou também uma declaração de princípios?
A curadoria sempre foi um traço distintivo da Paris:Sete. O que faz de uma peça uma escolha “inevitável”? Há algo de emocional nessa seleção?
Há sempre emoção naquilo que nos motiva. Uma peça torna-se “inevitável” quando ao longo dos tempos dá provas de fazer parte de nós. Este é, provavelmente, o nosso maior capital para o futuro: sermos uma fonte de futuros clássicos.
Representam algumas das marcas mais prestigiadas do design internacional. Como se constrói e mantém uma relação de continuidade com esses grandes nomes?
Como vê o actual momento do design? A tendência para o essencial, para o conforto sensorial e o luxo silencioso dialoga com a vossa visão?
E o futuro? O que ambiciona para os próximos 10 anos da Paris:Sete — e o que gostaria que permanecesse intocável?
Paris:Sete — 40 Anos
Exposição e livro “40 Anos / 40 Peças”
Novo Showroom: Rua da Escola Politécnica, nº235 — Lisboa
Até 21 de Junho















