Mais que um restaurante, o Arady é um lugar de encontros — entre sabores, entre culturas, entre pessoas. Em Lisboa, Marrocos e Portugal conversam à mesa. E surpreendem.
Na primeira inspiração do âmbar, percebe-se: este não é um restaurante como os outros. O Arady começa antes de se chegar à mesa — começa no cheiro. Um aroma delicado de flor de laranjeira mistura-se com o calor do almíscar e o brilho do cobre marroquino, anunciando que estamos prestes a embarcar numa viagem — uma travessia feita de sabores, memórias e encontros.
Localizado a poucos passos das Amoreiras, o Arady traz a Lisboa uma fusão que faz sentido: a da cozinha marroquina com a alma e os sabores da gastronomia portuguesa. À frente do projeto estão uma mãe e duas filhas que chegaram a Portugal em 2023 e se apaixonaram pela cidade e pelo seu ritmo, decidindo ali criar uma nova casa. O nome, Arady — “As Minhas Terras”, em árabe — é o fio condutor de toda a experiência: uma homenagem às suas raízes e ao novo lugar que agora habitam.
A decoração acompanha a narrativa com elegância: ladrilhos geométricos, candeeiros em latão dourado trabalhado, apontamentos em verde e uma iluminação quente que convida à permanência. Há tradição e contemporaneidade, há cuidado e identidade.








Na cozinha, liderada pelo Chef Hélder Martins (com passagens por casas como The Fat Duck e Arzak), a proposta é de fusão, mas a experiência é, sobretudo, marroquina. Começámos com a Harira com aipo crocante e mel de açafrão — uma sopa tradicional de grão e lentilhas, rica e reconfortante. Seguiram-se duas tajines inesquecíveis: a Tagine de Robalo com Chermoula e Vegetais, leve, fresca, aromática; e a Tagine de Borrego com bimis e ameixas, profunda, intensa, envolvente — uma viagem pelo doce e o salgado.
Entre os pratos de assinatura destacam-se ainda o Bacalhau à Marroquina com puré de grão, sumac e grelos, uma ousada releitura com frescura e profundidade, e o Arroz de Polvo cremoso à portuguesa, denso e saboroso, que honra as raízes lusas da carta. Para vegetarianos, há propostas como a Tagine do Jardim ou o Couscous de grão, beringela e courgette com azeitonas, que não ficam atrás em complexidade.
As sobremesas seguem o espírito da casa: doçura com subtileza e apresentação elegante. O Cheesecake de figos com amlou é cremoso e reconfortante, o Fondant de chocolate com frutos vermelhos e gelado de hortelã é puro deleite, mas foi a Jawhara de maçã verde com caramelo salgado e gelado de baunilha que conquistou.
Mas o que verdadeiramente marca a diferença é a forma como tudo é servido — com atenção, boa disposição e uma genuína vontade de bem receber. Carlos, o chefe de sala, é daquelas presenças que elevam qualquer experiência: conhece a carta, sugere com entusiasmo, e distribui sorrisos com naturalidade. Receber, aqui, é uma arte leve.
E como toda a viagem precisa de um brinde, os cocktails do Arady são uma descoberta em si mesmos. Um deles chegou à mesa como se fosse um thé à la menthe — servido num bule, mas com uma mistura inesperada e magistral de hortelã fresca e licor de amêndoa. Um gesto poético e criativo, que traduz na perfeição o espírito do espaço: tradição com invenção, memória com surpresa.
No fim, o que fica não é apenas o sabor. É a sensação de se ter sido acolhido. De ter estado num lugar feito com alma. Um lugar onde duas culturas se encontram para cozinhar, conversar — e partilhar.
Condomínio Lx Living, Loja B, Av. Conselheiro Fernando de Sousa nº5, Lisboa
Reservas: 218209295 ou geral@arady.pt
Almoços: Segunda a sábado, 12h00–15h00
Jantares: Terça a sábado, 19h00–23h00







