Alexander Calder estreou o primeiro BMW Art Car em Le Mans. Meio século depois, a marca celebra 50 anos de criatividade em velocidade – e convida o público a redescobri-los no BMW Museum.
Obras que rugem. Assim podem ser descritos os BMW Art Cars – automóveis concebidos para correr, mas transformados, ao longo de cinco décadas, em peças de arte. O projeto começou em 1975 com uma ideia improvável: um carro de competição pintado por um artista plástico. O francês Hervé Poulain, piloto e colecionador, convenceu a BMW a ceder-lhe um modelo para levar a Le Mans, com uma condição: que o artista Alexander Calder o pintasse. O BMW 3.0 CSL assim nascido não ganhou a corrida, mas conquistou o olhar do mundo. Estava inaugurada uma das mais singulares colaborações entre arte e indústria do século XX.
Ao longo dos anos, seguiram-se nomes maiores da arte contemporânea: Frank Stella, Roy Lichtenstein, Andy Warhol, Jenny Holzer, David Hockney, César Manrique, Esther Mahlangu, Jeff Koons, Cao Fei, Julie Mehretu. Cada um deles trouxe o seu olhar, o seu gesto, a sua técnica. Cada automóvel é uma síntese entre forma e função, estética e velocidade.
Este ano, a BMW celebra o 50.º aniversário da coleção com uma exposição no BMW Museum, em Munique – a casa-mãe dos Art Cars. Em paralelo, a marca assinala também os 50 anos da Série 3, talvez o modelo mais representativo da sua história e, não por acaso, base de alguns dos Art Cars mais emblemáticos.
Os carros em destaque na exposição de Munique
A mostra, que inaugura a 17 de junho e se prolonga até 1 de fevereiro de 2026, integra a Art Car World Tour – a maior digressão mundial da colecção até hoje, que já passou por 12 países em cinco continentes. Em exibição estarão três obras baseadas na Série 3:
• BMW M3 Group A por Ken Done (1989)
O artista australiano pintou a carroçaria com cores saturadas e pinceladas largas, evocando a energia das corridas. É um tributo à alegria e ao desempenho.
• BMW M3 Group A por Michael Jagamara Nelson (1989)
Também australiano, o artista indígena levou a linguagem visual aborígene para a pista. Pontos, símbolos e padrões contam histórias ancestrais. Segundo o próprio, o carro é “uma paisagem vista do céu”.
• BMW M3 GTR por Sandro Chia (1992)
O italiano enche o carro de rostos e emoções. Uma pintura viva que reflecte o olhar humano sobre a máquina. “Tudo o que se observa com atenção transforma-se num rosto”, explicou o artista.
Estes três modelos são acompanhados pelo BMW 730i de César Manrique (1990), que integra a colecção permanente do museu – um exemplo de como o gesto artístico pode dialogar com o design sem o apagar.
Legado artístico e técnico
A colecção BMW Art Car não é um capricho artístico. É um projecto contínuo, que espelha o espírito de inovação da marca e a sua ligação histórica à arte. Muitos dos modelos participaram em corridas reais – alguns chegaram mesmo ao pódio –, o que confere a estas obras um carácter duplo: são esculturas em movimento, sim, mas também máquinas de competição, forjadas na pista.
A iniciativa manteve-se viva graças a um princípio: liberdade total para os artistas. Foi assim que Andy Warhol pintou o seu BMW M1 em apenas 28 minutos, ou que Jenny Holzer revestiu um modelo com frases luminosas e inquietantes. Mais recentemente, Julie Mehretu e Cao Fei trouxeram o projeto para o século XXI, fundindo arte digital, realidade aumentada e questões identitárias com a estética automóvel.
50 anos da Série 3: o pilar da BMW
A par da colecção artística, o BMW Museum presta homenagem a outro ícone: a Série 3. Desde 1975, este modelo tem sido sinónimo de prazer de condução, elegância discreta e engenharia de precisão. Já vendeu milhões de unidades em todo o mundo e atravessou sete gerações, sempre reinventando a ideia de berlina desportiva. Para muitos, é a face da BMW. E, não por acaso, serviu de tela a vários Art Cars.














