De Miami a Lisboa, as branded residences impõem-se como novo território do luxo. Portugal estreia-se com projetos assinados por Missoni e Philippe Starck, onde a marca vive para lá do nome.
O mercado residencial de luxo entra num novo ciclo. As branded residences — casas desenhadas em parceria com marcas de moda, hotelaria ou design — começam a ganhar presença em Portugal, prometendo uma vivência onde o serviço, a estética e a identidade caminham lado a lado. Os primeiros projetos estão prestes a chegar — e anunciam mais que uma tendência: são um novo modo de habitar.
Há moradas que se distinguem pela localização. Outras, pela luz ou pela arquitetura. Mas nesta nova geração de projetos, o que se destaca é o nome na porta. Marcas como a Four Seasons, a Porsche ou a Armani dão rosto a um segmento onde o design se confunde com estilo de vida. Segundo Duarte Marques, da Sotheby’s International Realty, este é hoje o segmento mais dinâmico do imobiliário de luxo global, com crescimento superior a 230% desde 2010.
Portugal começa agora a integrar o mapa europeu deste novo território. “O luxo residencial estava a perder valor simbólico. As branded residences vieram devolver-lhe identidade”, resume Duarte Marques, Diretor do departamento de empreendimentos da Sotheby’s International Realty. “A marca não se limita a entrar no naming: envolve-se na arquitetura, nos materiais, nos acabamentos. E essa diferença sente-se, sobretudo para os compradores internacionais”.
“Estamos a falar de imóveis com valorização e liquidez acima da média”, acrescenta Francisco Quintela, managing partner da Quintela & Penalva | Knight Frank. “As grandes marcas trazem know-how, gestão, reconhecimento. E garantem uma promessa que o mercado valoriza: a de uma experiência irrepreensível”.
Para Patrícia Barão, partner e head of residential da Dils, “a associação à marca é um selo de confiança e distinção. Ajuda a atrair um público exigente, que valoriza singularidade, estabilidade e qualidade de vida. Portugal tem tudo para ser competitivo neste segmento: segurança, clima, paisagem e um custo de vida equilibrado”.
José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties, defende que “o sucesso de uma branded residence depende da coerência entre o local e a marca. Não basta colar um nome a um edifício. É preciso criar uma experiência real, cuidada e diferenciadora”.
Apesar do entusiasmo, o mercado aponta fragilidades. A burocracia urbanística, a lentidão dos licenciamentos e a instabilidade legislativa são os principais entraves identificados por quem está no terreno. “Portugal pode afirmar-se como referência neste segmento. Mas tem de o fazer com sentido estratégico, boas escolhas e execução rigorosa”, conclui Botelho.
A estética da Missoni junto ao mar
A escolha da Missoni como parceira para o projeto foi, segundo a Norfin, “estratégica e cuidadosamente pensada”. A marca italiana alia sofisticação, cor e personalidade à sua reputação internacional, valores que reforçam o posicionamento premium do Aroeira Collections e ampliam o seu valor percebido nos mercados nacional e internacional. Trata-se, também, do primeiro hotel residencial da Missoni, o que confere ao projeto um caráter de exclusividade acrescida e projeta-o como caso pioneiro no portefólio da marca.
Para a Norfin, esta iniciativa é o início de uma estratégia de longo prazo que visa integrar marcas de excelência em projetos imobiliários de grande escala. O Aroeira Collections by Missoni posiciona-se, assim, como um marco no reposicionamento do grupo no segmento de luxo residencial e turístico, sinalizando uma ambição clara de liderança e diferenciação no mercado nacional.
O desafio maior, admitem, passou por integrar a identidade visual da Missoni — reconhecida internacionalmente pelo seu estilo vibrante — numa proposta arquitetónica que respeitasse simultaneamente o património natural da Aroeira e os regulamentos urbanísticos locais. O resultado é uma proposta onde marca e paisagem se fundem com rigor, criatividade e sentido de lugar.
O público-alvo inclui compradores e investidores nacionais e internacionais, cosmopolitas, que valorizam design, exclusividade, natureza e um portefólio de serviços de elevada qualidade. A estratégia comercial da Norfin está a ser desenhada para captar atenção tanto de grandes centros europeus como de mercados emergentes com crescente apetência por branded residences. “Portugal apresenta uma base sólida para este tipo de projetos. A escolha da Missoni por Portugal confirma essa atratividade e posiciona o país num circuito internacional onde já figuram destinos como Dubai, Marbella, Toronto ou o Brasil”, referem os responsáveis da Norfin.
O selo de Philippe Starck para viver com vista sobre o Tejo
Também na margem sul do Tejo, a poucos quilómetros do centro de Lisboa, nasce o YOO Lisbon South Bay, um projeto promovido pelo Grupo SIL com assinatura YOO Inspired by Starck. Com 350 unidades entre villas, moradias e apartamentos, o empreendimento insere-se numa reserva natural de 100 hectares e aposta numa vivência integrada de luxo, rodeada de natureza.
Com lotes entre os 900 e os 1500 m², e valores a partir de 2,5 milhões de euros, a primeira fase arranca no outono deste ano. Entre as valências previstas estão campo de golfe, boutique hotel, beach club, spa, Racket Club e Central Park. A direção criativa e a arquitetura estão a cargo de Philippe Starck, numa proposta que procura responder às novas necessidades habitacionais do pós-pandemia, com mais espaço, privacidade e natureza. “Depois da pandemia, muitos clientes passaram a valorizar tipologias maiores, com espaços exteriores, rodeadas de verde e com serviços integrados. O YOO Lisbon South Bay responde exatamente a essa nova procura”, explica Duarte Marques da Sotheby’s, promotora exclusiva deste empreendimento. “É uma fórmula com o lado premium assegurado e que oferece segurança ao investidor internacional”.













