Na Praia do Pego, no Carvalhal, nasceu um restaurante que parece uma cabana de esqui mas sabe a mar. Com assinatura parisiense, o novo Caché Comporta celebra o fogo, o produto local e o prazer de estar à mesa.
À beira do Atlântico, entre dunas de areia fina e o som das ondas a desfazerem-se em espuma, nasceu uma cabana singular. Vista de fora, lembra os chalés de madeira das estâncias alpinas. Por dentro, exala um calor discreto, feito de texturas naturais, luz suave e detalhes pensados ao milímetro. À mesa, o fogo transforma o essencial em inesquecível — e cada garfada traz consigo o sal do mar, a alma da terra e a precisão de quem sabe que menos, quando é bem feito, é sempre mais.
Assim se apresenta o Caché Comporta, o novo restaurante do verão alentejano. O espaço ocupa o lugar do antigo Praia na Comporta, mas tudo aqui é novo — sem perder o espírito do lugar. O conceito nasceu de uma parceria entre a Quinta da Comporta e o restaurante Caché Paris, e foi trazido para Portugal por Miguel Câncio Martins, arquiteto e fundador da Quinta, que viu neste cruzamento de sensibilidades uma forma de prolongar a sua visão de autenticidade e bom gosto até ao areal do Pego.
A escolha não é inocente. Se no Carvalhal Câncio Martins plantou um refúgio entre arrozais, aqui ergueu uma cabana que respira mar. Para isso, chamou Philippe Starck, o designer francês que transformou as dunas numa espécie de refúgio alpino à beira-mar — um cenário de madeira clara e serenidade calorosa, que parece fazer parte da paisagem desde sempre.
Do fogo à frescura: a cozinha que conta histórias
A carta é liderada por David Reartes, chef galardoado com um Sol Repsol, cuja cozinha frontal e instintiva está profundamente ligada à essência do produto. Reartes não disfarça o ingrediente: celebra-o. “Fui explorando a complexidade que se encontra no uso do fogo como técnica, do tempo como ingrediente e da história como base narrativa do prato”, afirma.
No Caché Comporta, tudo começa com o produto certo: peixe fresco da costa alentejana, legumes colhidos na horta da Quinta, arroz dos campos ali ao lado. Daqui nascem pratos entre o cru e a brasa, onde o sabor é protagonista. As Ostras do Sado ao natural, o Crudo de Atum com Garum ou o escabeche de Amêijoas, Navalheiras e Mexilhões com anis-estrelado e canela são entradas com alma e memória. E depois há propostas criativas como a La Gilda, que reinventa o pintxo basco com peixe branco, tomate semi-seco, anchovas e pickle de pimento doce.
Nos principais, os sabores do mar dominam: o Peixe do dia na grelha, servido simples ou ao estilo bilbaína ou basco; o Lavagante Azul grelhado; o Arroz malandro de choco e mariscos ou o Esparguete de lavagante com bisque e manteiga tostada. Também há espaço para a carne, como as Plumas de porco ibérico com pico de gallo ou o Rib de vaca na brasa. As sobremesas mantêm a mesma linha de essencialidade emocional: a Madalena Caché com caramelo salgado e miso ou o Flan de flor de laranjeira.
De Paris à Comporta: uma ponte de sabor
O nome “Caché”, que em francês significa “escondido”, não foi escolhido ao acaso. Ele resume a intenção: criar um lugar resguardado, onde tudo acontece com tempo e intenção. A versão parisiense do restaurante — igualmente marcada pela paixão pelo fogo e pelos ingredientes de excelência — serviu de inspiração directa para este novo espaço alentejano. E é através de Miguel Câncio Martins, profundo conhecedor dos dois universos, que se fez a ponte: entre o charme urbano e a simplicidade sofisticada da Comporta. O Caché Comporta é um gesto de continuidade — da paisagem, da visão da Quinta da Comporta e de uma certa ideia de autenticidade. Aqui, come-se bem, mas sobretudo vive-se bem.
Alameda da Praia do Pego, Grândola
Tel.: +351 933 096 490
Reservas: reservations@cachecomporta.com
Horários: 13h00–15h00 | 18h00–00h00


















