Na Comporta, o tempo estica-se entre praias quase desertas, mercados improvisados, festas discretas, trilhos por pinhais e jantares à luz baixa. Um verão com tudo, mas sem pressa.
O tempo na Comporta não se mede em minutos, mas em marés. E o verão, essa estação mais interior que exterior, vive-se aqui com uma cadência própria — ora imóvel, ora surpreendentemente ativa. Entre um mergulho no Atlântico e um workshop de pintura em tecido em Melides, há espaço para tudo: cavalos na praia, festas sob pinheiros, retiros de ioga, mercados com marcas portuguesas e flamingos em voo.
Areais para todos os gostos (e silêncios)
Mercados, ateliers e achados de verão
Para lá das habituais concept stores — que também existem na Comporta e a The Life Juice é uma das nossas preferidas —, é nos mercados temporários que se descobre o espírito mais livre da Comporta. O The Spot Market regressa este verão com marcas portuguesas de moda, acessórios e decoração. Em Melides, o mercado mensal na praça da vila acontece a 19 de julho e a 16 de agosto, com bancas de produtores locais, cerâmica e design. A Casa da Cultura da Comporta organiza ainda feiras com produtos biológicos, livros e peças únicas e, no seu espaço pop-up, as marcas mudam a cada 15 dias, para uma curadoria mais variada.
Desporto e bem-estar, entre arrozais e céu aberto
O corpo também encontra o seu lugar neste refúgio. Os passeios a cavalo ao entardecer, celebrizados por Madonna, continuam a ser uma imagem icónica da região. Mas os campos de padel e pickleball em resorts como o Spatia ou o Sublime têm vindo a conquistar adeptos. No Oryza Spa, na Quinta da Comporta, a Yoga Shala com vista para os arrozais oferece sessões ao nascer do sol, e o espaço integra ainda tratamentos inspirados em rituais asiáticos, com hamman, sauna e terapias de assinatura. Já no final da estação, de 28 de setembro a 1 de outubro, a Quinta da Comporta acolhe o retiro Radiant Forever, pensado para quem quer fechar o verão de forma regeneradora.
Passeios de terra e água, entre pinhais e palafitas
A geografia da Comporta convida à exploração lenta. De jipe ou bicicleta, os trilhos atravessam pinhais perfumados, dunas e caminhos de areia clara. O Cais Palafítico da Carrasqueira, com as suas passagens de madeira sobre o estuário, é uma das imagens mais fotogénicas da região — sobretudo ao pôr-do-sol. No mar, há passeios de barco até à ilha de Tróia, saídas para apanha de ostras ou explorações subaquáticas organizadas por escolas de mergulho.
A Reserva Natural do Estuário do Sado transforma-se no verão numa zona privilegiada de observação de aves. Flamingos, íbis, garças e alfaiates sobrevoam os arrozais com cadência quase coreográfica. Para quem quiser mais do que uma simples paragem, os tours de birdwatching com guia (como os organizados pela Passeios e Companhia) percorrem as Lagoas de Santo André e Sancha, com equipamento incluído e interpretação ambiental especializada. Um programa tranquilo, que exige apenas binóculos — e tempo.
Festas discretas e celebrações locais
A noite na Comporta não tem cartaz — mas há sempre qualquer coisa. Os grandes resorts como o Sublime, a Quinta da Comporta, o Costa Terra, o Spatia ou o Dunas organizam sunsets e jantares com música ao vivo e DJs internacionais, muitas vezes em ambientes reservados e sob pinheiros iluminados. Ao mesmo tempo, nos arredores, multiplicam-se festas populares: arraiais no Carvalhal, romarias em Alcácer do Sal, concertos de verão em Grândola e celebrações religiosas em Melides, onde tradição e verão se encontram.
Entre os eventos pontuais mais emblemáticos está a Ultramaratona Atlântica, que este ano se corre a 27 de julho, numa travessia de 45 km entre Melides e Comporta, junto ao mar. Os mercados mensais em Melides e os ateliers da Casa da Cultura pontuam o calendário, enquanto as ações culturais da Animação de Verão (concertos, teatro de rua, atividades infantis) prolongam-se por julho e agosto.
Viver devagar, mas com tudo ao alcance
Neste pedaço de Alentejo onde o arroz cresce com a lentidão do verão, há muito por onde escolher. A Comporta não é só descanso: é um destino onde o luxo se mede pelo espaço entre os compromissos, pela qualidade das experiências e pela forma como nos devolve ao essencial. Seja com um mercado, uma prancha, uma tenda de ioga ou um par de binóculos, aqui o tempo não se perde — investe-se.


















