Na Comporta, comer é mais do que um prazer: é um ritual partilhado que se escreve entre arrozais, peixe fresco e memórias de verão. Estes são os restaurantes que fazem parte da história.
Quem conhece a Comporta sabe que os dias por ali têm um ritmo próprio — mais lento, mais sensorial, mais atento. O mar marca as marés, os pinheiros filtram o sol, e as refeições são momentos que se prolongam, à mesa, com tempo. No eixo que liga Comporta a Melides, a gastronomia é um dos pilares da experiência. Tanto num piquenique improvisado como num jantar de degustação, o convívio à mesa é sempre parte essencial do verão — e da memória que dele fica.
A geografia ajuda: entre o estuário do Sado, o Atlântico e os campos de arroz, a região é generosa em ingredientes. Os peixes chegam do mar próximo, o arroz é colhido nos campos ao lado, e os legumes, ervas e carnes seguem a cadência da cozinha alentejana. Não faltam ostras, camarão, robalo, amêijoas ou choco — preparados em pratos simples e certeiros, ou reinventados por chefs que encontraram aqui o cenário ideal para afinar a criatividade. José Avillez, Ljubomir Stanisic, Vítor Sobral ou João Rodrigues são apenas alguns dos nomes que marcaram território neste novo mapa gastronómico alentejano.
Para petiscar sem pressa, há lugares que já fazem parte do imaginário local. O Jacaré da Comporta, um conceito do universo de José Avillez, propõe uma fusão italo-brasileira onde se pode partilhar pizzas artesanais e carpaccios, com música e cocktails à mistura. O Be Comporta mistura bar e cozinha, com brunch, saladas, petiscos e ambiente de pós-praia. E para lanches ou snacks, a padaria Gomes — com as suas bolas de Berlim — e as Piadinas Zanotta, servidas num food truck, são clássicos de bolso.
Que Restaurantes Visitar
Ao longo do dia, os almoços leves e os brunches ocupam o seu lugar. O Colmo Bar tem uma carta curta mas bem cuidada, com vinhos, sumos naturais e pratos simples. No Caju Comporta, café e galeria de lifestyle, servem-se smoothies, ovos e bowls num ambiente que cruza estética e descontração. À beira-mar, o Comporta Café é conhecido pelas suas caipirinhas e pelo arroz de choco com tinta — perfeito para dias em que o pôr-do-sol se estende à mesa. E o Ilha do Arroz, na praia da Comporta, é ideal para almoços longos com peixe grelhado, lavagante ou cataplanas, com os pés quase na areia.
À noite, surgem os jantares mais sofisticados, onde o cuidado da apresentação acompanha o sabor. O JNcQUOI Comporta, com restaurante e beach club, serve pratos que cruzam tradição e modernidade com o selo do chef Jerónimo Ferreira, uma das grandes apostas do grupo Amorim Luxury. O Sublime Comporta, com o Sem Porta e o Food Circle, propõe experiências gastronómicas num cenário de pinhal e hortas biológicas — sob direção de Ljubomir Stanisic, que aqui alia técnica à intuição, com pratos de autor focados na sazonalidade. A Cavalariça Comporta, instalada nas antigas cavalariças da aldeia, é palco de menus partilhados com forte identidade regional — onde brilham os croquetes de cachaço, o berbigão em caldo ou o peixe do dia com legumes locais.
Uma das grandes novidades da estação é o Inari, restaurante da Quinta da Comporta com direção gastronómica de Vítor Sobral. Com o nome da deusa japonesa do arroz, o espaço cruza sabores do campo, do mar e da horta biológica da quinta. Arroz de camarão-tigre, ceviche de robalo, gaspacho com morango ou bochecha de porco com puré de couve-flor compõem uma carta pensada para respeitar o produto — e o paladar — com rigor técnico e sentido de lugar.
Ainda mais efémera, mas já icónica, é a reabertura do Canalha, pop-up sazonal do chef João Rodrigues, que ocupa o espaço do antigo Tasca do Sublime. Jantares vibrantes, servidos apenas ao serão, entre pratos criativos e música ambiente, criam um ambiente que é tanto gastronómico como festivo.
Para quem prefere jantares simples, mas autênticos, também não faltam opções. O Dona Bia, na estrada para a praia, continua a ser disputado por quem procura peixe grelhado e arroz de polvo. E o Restaurante Sado, à entrada da Comporta, serve refeições honestas com vista para os arrozais. Já em Cachopos, A Escola é um daqueles lugares que se tornam paragem obrigatória: antiga escola primária convertida em sala de refeições, é conhecida pela sua cozinha tradicional bem executada — arroz de pato, secretos, migas — e pelo ambiente descontraído e genuíno. Em Melides, a Tia Rosa continua a ser paragem obrigatória para quem procura comida de conforto, sem pressas nem artifícios e o mais recente Tosca traz pizzas e pastas com ingredientes locais, num ambiente descontraído e boémio. O Ti Lena, em Deixa-o-Resto, mantém o foco na cozinha de tacho, com pratos robustos servidos com generosidade.
Seja ao final da tarde, com os pés na areia, ou num jantar à luz das velas entre pinheiros, o que se come na Comporta ajuda a contar a história do verão. E são essas histórias — de partilha, de sabor e de tempo bem gasto — que ficam, muito depois de a estação terminar.



























