A Lisbon Design Week regressa entre 28 de maio e 1 de junho com mais de 95 participantes, uma nova plataforma digital e um mapa criativo que revela os bastidores do design feito em Portugal.
Durante cinco dias, Lisboa troca o ritmo habitual pelo compasso do design. De portas abertas, a cidade transforma-se num circuito criativo onde o design se mostra, pensa e experimenta. A Lisbon Design Week (LDW) chega à terceira edição com a ambição reforçada: mostrar, questionar e celebrar o design como motor de cultura, colaboração e identidade. Com mais de 250 criativos envolvidos — entre artesãos, arquitectos, designers e marcas — e novos bairros integrados no circuito, de Belém a Marvila, a cidade transforma-se num laboratório vivo. Não se trata apenas de abrir ateliers ou lançar colecções. Para Michèle Fajtmann, fundadora e curadora do evento, a LDW é “um momento de diálogo, descoberta, colaboração e experimentação”. Um convite à imersão, mas também à escuta: das ideias, dos materiais, das mãos que fazem.
Este ano, o evento marca também a estreia de uma plataforma digital bilingue, pensada para facilitar a navegação e prolongar a experiência para além dos cinco dias. Desenvolvida pelo ABM Studio — o mesmo por detrás dos guias de cidades da Louis Vuitton — a nova “Progressive Web Application” permite traçar itinerários personalizados, conhecer os criadores e revisitar conteúdos ao longo do ano.
Os makers no centro
O foco desta edição está claro: dar protagonismo aos makers, os criadores que transformam ideias em matéria. São mais de 250 — designers, artesãos e artistas — que estarão representados por todo o mapa lisboeta. Muitos trabalham de forma independente, outros em estúdios ou marcas emergentes, e esta é, para muitos deles, uma rara oportunidade de visibilidade fora dos circuitos institucionais.
A nova plataforma digital da LDW oferece-lhes agora um espaço contínuo, um arquivo vivo, pesquisável, que reconhece o valor da autoria e do processo. A intenção é tornar o design mais próximo, mais acessível e, ao mesmo tempo, mais reconhecido.
Uma cidade em rede
Com participantes distribuídos por onze zonas da cidade — das colinas do Príncipe Real ao eixo criativo de Marvila e Beato — o evento reforça a sua missão de descentralização. Os bairros funcionam como capítulos de uma mesma narrativa, onde se cruzam estúdios, lojas, ateliers, galerias e escolas.
Cada participante foi desafiado a destacar o design português, quer através de colaborações inéditas, quer através da curadoria de peças e materiais de origem local. O resultado é uma cartografia de Lisboa que revela não só onde se faz design, mas como ele se relaciona com a cidade.
O novo hotel Locke de Santa Joana, instalado num convento do século XVII, assume o papel de cultural hub, acolhendo exposições, podcasts e encontros.
Entre exposições, instalações, conversas, lançamentos e performances, o programa da LDW25 revela uma atenção particular ao cruzamento entre tradição e experimentação. Alguns destaques:
Exposição “Sobre Mesa”, no Arquivo Aires Mateus, com curadoria do estúdio espanhol MUT Design e do designer português João Xará, explora a cultura ibérica do convívio à mesa, reunindo cerca de 20 designers.
Young Design Generation Open Call, no MUDE, apresenta 20 peças selecionadas entre 157 candidaturas, promovendo o diálogo entre jovens talentos e o legado do museu.
“The Echo of Raw Materials”, na Roca Lisboa Gallery, exibe peças criadas com matérias-primas recuperadas, sublinhando a importância da reutilização consciente.
“The Chairman”, no showroom Branca Lisboa, celebra os 15 anos de trabalho de Marco Sousa Santos através do objeto-cadeira, revisitado em múltiplas versões.
“Kukua”, na Prime Matter Gallery, traz o olhar de Emmanuel Babled sobre a criação coletiva e comunitária em colaboração com artesãs da Tanzânia.
O programa inclui ainda lançamentos como a edição especial da Cadeira Portuguesa reinterpretada por Pedro Cabrita Reis, ou a nova colecção “Xisto” de Noé Duchaufour-Lawrance, apresentada na sua galeria Made in Situ.
Com quase uma semana de programação intensa, a LDW afirma-se como uma plataforma de encontros: entre gerações, territórios, linguagens e práticas. Para Michèle Fajtmann, “este é um projeto de construção de comunidade”, e isso implica dar espaço a múltiplas vozes e criar condições para que o talento floresça e se projete internacionalmente.
Ao fim de três edições, a Lisbon Design Week consolida-se como um observatório da vitalidade criativa portuguesa, que além de mostrar o que se faz, começa a definir o que se pode vir a fazer.





























