Com um modelo sem stock e uma abordagem feita à medida, a Memeia Portugal chega ao mercado para responder a um fenómeno crescente: a procura de imóveis de luxo por parte de brasileiros que querem mais do que investir — querem viver.
Há uma nova mediadora no mercado, mas esta não vem com catálogo. Nem com promessas de volume. A Memeia Portugal nasce com outra missão: a de criar pontes entre pessoas e lugares. E não está focada só em vender imóveis — quer ouvir histórias e encontrar casas que as traduzam. O foco? Um segmento muito específico — o dos brasileiros de elevado poder de compra, que nos últimos anos têm vindo a transformar o mercado imobiliário português.
Detida em partes iguais pela consultora portuguesa Chiado Invest e pela brasileira Memeia Imóveis, a nova marca posiciona-se no segmento premium com uma proposta diferenciadora: proximidade, personalização e uma lógica de curadoria em vez de catálogo. “Cada imóvel tem características únicas, tal como cada pessoa tem uma história própria”, resume João Xara-Brasil, managing partner da Memeia Portugal, em conversa com a Fora de Série. “Trabalhamos para criar encontros entre pessoas e os lugares certos para elas”.
Na Memeia Portugal é casa
O fenómeno não é novo, mas intensificou-se nos últimos anos. Estima-se que entre 25.000 a 30.000 brasileiros do segmento alto já tenham adquirido imóveis em Portugal — muitos para férias, outros para reformar, e muitos mais para começar de novo. “Portugal entrou no radar dos brasileiros a partir de 2012, com o lançamento do Golden Visa, que coincidiu com um período de instabilidade política no Brasil”, explica. “O passa-palavra espalhou-se depressa. Surpreenderam-se com a beleza do país, com a forma como foram recebidos e, sobretudo, com a segurança”.
Mesmo com o fim do Regime de Residente Não Habitual e as restrições ao Golden Visa, o movimento não parou. “Os investidores continuam a chegar, embora a um ritmo mais moderado”, reconhece Xara-Brasil. No caso do Brasil, os motivos são mais profundos: segurança, instabilidade política e uma afinidade cultural rara. “Em Portugal, sentem-se praticamente em casa”.
Comporta, uma espécie de Trancoso na Europa
Essa familiaridade é visível nas preferências. Lisboa e Cascais continuam a liderar, mas há um interesse crescente por zonas como o Douro, o Alentejo ou a Comporta. “A Comporta tornou-se uma espécie de Trancoso portuguesa”, compara o responsável. “Já o interior do país atrai um perfil mais maduro, à procura de vinhas, casas apalaçadas ou apenas da tranquilidade das paisagens.”
Quanto ao tipo de imóvel, o gosto é claro: apartamentos novos ou totalmente remodelados, com charme clássico por fora e funcionalidade contemporânea por dentro. “Preferem imóveis prontos, com estacionamento, elevador, arrecadação, portaria. O que não querem são projetos de reabilitação com licenciamento demorado — isso afasta não só brasileiros, mas muitos estrangeiros.”
As branded residences começam também a ganhar força, sobretudo junto dos perfis mais exigentes, habituados a serviços e standards internacionais. “Este tipo de produto responde bem às expectativas pelo prestígio da marca, pela qualidade dos serviços e pela localização”, diz.
A parceria com a Memeia Imóveis, uma marca de culto em São Paulo, reforça a componente emocional do negócio. Fundada por Maria Amélia Alves de Lima, tornou-se sinónimo de discrição, confiança e atenção ao detalhe. “Não vendemos casas — criamos propostas de vida”, diz a fundadora, numa filosofia que se transporta agora para Lisboa.
A Chiado Invest, por seu lado, traz uma década de experiência a assessorar investidores estrangeiros no mercado português. Juntas, as duas entidades fundem racionalidade estratégica com uma escuta apurada, quase intuitiva. O resultado é um novo operador que não quer ser apenas mais um. Se, no passado, os brasileiros vinham a Portugal para diversificar ativos, hoje muitos vêm para mudar de vida. “É um movimento que não mostra sinais de desaceleração”, afirma Xara-Brasil. “Portugal é visto como um país irmão — e há uma geração de brasileiros que não quer apenas visitá-lo. Quer pertencer-lhe.”










