Mathilde Favier é, há 13 anos, a diretora de relações públicas da Dior Couture e leva-nos pela mão por uma viagem imersiva aos segredos bem guardados do seu universo parisiense.
Ela tem a agenda de contactos mais cobiçada do mundo. Nasceu numa das famílias mais criativas de Paris e dá-se com a fina nata do mundo das artes e da moda. Sorriso fresco, cabelo à la garçonne, porte aristocrático. Mathilde Favier chega à boutique Dior na Avenida da Liberdade de preto e branco, tailleur curto estilo Chanel, pérolas no pescoço, maquilhagem natural. É a personificação perfeita do chic francês. A Relações Públicas da Dior Couture, que tem a cargo, na maison, a gestão global de celebridades, está habituada a lidar, com um sorriso na cara, com personalidades fortes e egos transbordantes. É, sobretudo, uma anfitriã calorosa desta casa de moda, com a qual faz o fit perfeito e que alimenta uma rede de amigos que são algumas das figuras mais conceituadas da cidade em matéria de moda, beleza, arte, design de interiores e gastronomia. Passou por Lisboa, vinda de Londres e a caminho de Nova Iorque, para apresentar o seu novo livro: “Living Beautifully in Paris”, editado pela Flammarion, com textos de Frédérique Dedet e fotografia de Pascal Chevallier.
Simultaneamente autora e protagonista da publicação – um coffee table book de capa dura, perfeito para oferecer neste Natal a uma pessoa de bom gosto –, Mathilde Favier que personifica a alma e o espírito de Paris. Uma Paris só sua, pela qual nos guia, entre casas privadas, lojas, estúdios e cozinhas do seu núcleo de relações, um grupo de personalidades parisienses extraordinárias entre as quais se destacam o diretor artístico e costume designer Gilles Dufour (seu tio), a diretora criativa da Dior Joaillerie Victoire de Castellane (sua meia-irmã), a amiga Elisabetta Beccari (casada com Pietro Beccari, CEO da Louis Vuitton), a criadora da La Veste Maria de la Orden, o perfumista Francis Kurkdjian, a embaixadora da Vogue Paris Emmanuelle Alt ou a ex-primeira dama francesa e ex-modelo Carla Bruni-Sarkozy, entre tantos nomes.
Cada página deste livro apresenta-se como um verdadeiro banquete sensorial recheado de cenários inspiradores, histórias pessoais e documentos inéditos, como um livro de recortes que mostra a beleza de Paris e as pessoas que estão no epicentro da cena cultural da cidade. “Queria que este livro fosse uma pílula de felicidade e leveza, que nos ajudasse a viver melhor a vida. Os franceses queixam-se muito da vida, mas eu queria mostrar que a cidade é linda, a comida maravilhosa, as mulheres sedutoras…”, contou a relações públicas, acrescentando que queria deixar registadas as suas dicas de lifestyle, “formas de as mulheres se mimarem e desfrutarem de momentos de prazer, que fazem a diferença quando se quer manter uma atitude positiva. É importante valorizar a beleza das coisas na nossa vida, até as mais pequenas”. Missão cumprida, Mathilde. Ficamos com vontade de mergulhar deste mundo tão privado, ao qual só temos acesso pela porta que aqui nos abre.
Não se trata só de um guia de uma Paris contemporânea e elitista. É também um testemunho do nosso tempo e de histórias que ficarão na história, por exemplo, dos bastidores do cinema. Como aqueles dias que passou na companhia da irmã Pauline e do tio Gilles, vestida à época, a rodar o filme “Maria Antonieta”. Amiga íntima da realizadora Sophia Coppola, teve direito a uma participação como figurante. “Como francesa, entendo bem a mensagem deste filme. Tinha de ser assim, muito girlie, pois contava a história de um rei e de uma rainha crianças, com 15 anos. Passei três dias em Versailles, toda apertada num corset, na pose de um membro da corte que criticava tudo e todos, para no final aparecer numa cena de 5 segundos”, conta entre risos.
Ou outra história ainda mais deliciosa, quando, em pleno Festival de Cinema de Cannes, instalada no mítico Hotel Martinez, descobriu que o vestido que desfilaria na red-carpet dessa noite era demasiado transparente. A necessidade aguça o engenho e, na ausência de alternativas, acabou por recorrer ao forro das cortinas do quarto do hotel. Ora não tivesse Mathilde nascido no seio de uma das famílias mais criativas de Paris.
Se ficou com água na boca com esta amostra que lhe contámos, o melhor é passar na boutique Dior e levar o livro para casa. Vale a pena namorá-lo demoradamente, descobrir a decoração das casas espetaculares, os restaurantes, as floristas, a cidade fervilhante e o melting-pot de pessoas que dão vida à vida de Mathilde.













