No Cais do Sodré, Lucas Azevedo criou o Ryoshi: cozinha japonesa de conforto, feita com verdade, ingredientes sazonais e uma boa dose de humor. Um restaurante para voltar — e ficar.
Se o Japão tivesse um endereço em Lisboa, poderia muito bem ser o número 108 da Rua da Boavista, bem perto do Cais do Sodré. Mas, atenção: aqui não se fazem cerimónias, nem se seguem ortodoxias. No Ryoshi, o sushi não é de catálogo e o atum não reina por decreto. O que há é um manifesto — literal e figurado — que transforma cada refeição numa declaração de intenções: comer bem, com alegria, com respeito pelo produto e com leveza no ambiente (e na carteira).
Lucas Azevedo, rosto conhecido da gastronomia lisboeta, trocou os formalismos por algo mais íntimo e desafiante: uma cozinha japonesa de conforto, feita à sua maneira. “Com produtos sazonais. Simplicidade. Sabores únicos. E tradição. Mas também com verdade — e, às vezes, com uma pitada de humor”, diz-nos o chef. No Ryoshi não há poses, mas há rigor. E há prazer, que é, afinal, a melhor razão para se cozinhar (e comer).
Um manifesto que se come
O Ryoshi tem uma carta, sim, mas também tem um ponto de vista. E não é um detalhe menor. A casa rege-se por um manifesto que não se esconde: recusa os excessos da pesca intensiva, defende cortes menos nobres de carne, propõe pratos equilibrados e aposta em menus onde os vegetais têm voz ativa. Tudo o que se serve é pensado — mas sem perder o lado lúdico da experiência. Como quem diz: aqui come-se com a cabeça, mas também com o coração.
Especial destaque para a escolha criteriosa dos peixes, a constante procura de fornecedores locais e o empenho numa cozinha sazonal que não banaliza ingredientes. O atum selvagem, por exemplo, surge apenas quando faz sentido. Nada aqui é automático. E talvez seja essa a razão por que tudo sabe tão bem.
Japonês para todos os dias (mas com personalidade)
Há um lado profundamente democrático no Ryoshi: o de ser um restaurante de cozinha japonesa acessível, informal, sem pretensões, mas com toda a personalidade. É o Japão do quotidiano, o dos izakayas e dos pequenos balcões de província — com preços que não intimidam (ticket médio entre os 25 e os 30 euros) e porções que saciam o corpo e a curiosidade.
A intenção de Lucas é clara: “Queremos aproximar as pessoas da cozinha japonesa. Que regressem. Que se sintam em casa.” Não é difícil: há humor na carta, cumplicidade na sala e um ritmo que dispensa urgências. É um daqueles Há um lado profundamente democrático no Ryoshi: o de ser um restaurante de cozinha japonesa acessível, informal, sem pretensões, mas com toda a personalidade. É o Japão do quotidiano, o dos izakayas e dos pequenos balcões de província — com preços que não intimidam.
A intenção de Lucas é clara: “Queremos aproximar as pessoas da cozinha japonesa. Que regressem. Que se sintam em casa.” Não é difícil: há humor na carta, cumplicidade na sala e um ritmo que dispensa urgências. É um daqueles lugares onde os minutos passam devagar, por boas razões.
Entre a barra (perfeita para observar a ação na cozinha), as mesas mais recatadas e os recantos pensados para grupos, o Ryoshi tem uma lotação de cerca de 40 lugares. O ambiente é descontraído e intencionalmente animado — a música tem presença, os sorrisos são visíveis e os jantares especiais acontecem com regularidade.
Durante os meses de março e abril, por exemplo, para assinalar o primeiro aniversário da casa, Lucas Azevedo convidou uma série de chefs e amigos para noites temáticas, jantares a quatro mãos, fusões inesperadas e DJ sets. Foi a confirmação de que o Ryoshi é um restaurante com vida própria e comunidade à volta.
Um ano, muitos reconhecimentos
Um ano não chega para fazer muito barulho, mas já deu para dar nas vistas. Em 14 meses, o Ryoshi foi eleito pelos seus pares como o melhor novo restaurante de cozinha contemporânea na primeira edição dos TheFork Awards em Portugal e esteve nomeado nos Lisbon Insiders’ Awards. A crítica aplaudiu, os clientes voltaram, e Lucas Azevedo ganhou fôlego para continuar a desafiar ideias feitas sobre o que deve ser um restaurante japonês.
“Este projeto só é possível porque tenho uma equipa incrível, que acredita tanto quanto eu”, sublinha o chef. E nota-se: há consistência nos pratos, profissionalismo na sala, e aquela energia difícil de fingir — a de quem acredita genuinamente no que está a fazer. E bem.
Ryoshi
Rua da Boavista, nº108, Cais do Sodré, Lisboa
Horário: Das 18h30 à 01h30 (encerra domingo e segunda-feira)
Reservas: 963 488 779 / ryoshi@groupemar.com



















