Com o charme clássico de um Cary Grant dos tempos modernos e a determinação de quem sabe o que representa, David Gandy tornou-se sinónimo de um novo paradigma na moda masculina.
Não foi apenas o rosto (e o físico) da campanha “Light Blue” da Dolce & Gabbana que o catapultou para as alturas de um outdoor em Times Square — foi a forma como conjugou carisma britânico, rigor estético e visão de futuro. Modelo, empreendedor e contador de histórias através da moda, Gandy fez do seu nome uma marca, e da elegância um compromisso. A sua Wellwear não é só mais uma linha de roupa confortável — é um manifesto de bem-estar com corte clássico. Entre desfiles, colunas na GQ e campanhas para gigantes da moda como Hugo Boss, o que realmente distingue David Gandy é esta capacidade rara de tornar o luxo acessível — e a masculinidade, refinada.
O que significa para si ser o rosto da nova coleção Nº14 Savile Row da Hackett London?
Conheço o Jeremy Hackett há 20 anos. Sempre admirei a marca e sinto-me muito orgulhoso por ser o rosto de uma marca britânica icónica ligada a um nome tão simbólico como Savile Row. Esta é uma colaboração genuína — algo raro nos dias de hoje.
A campanha destaca a tradição da alfaiataria britânica. Como foi interpretar esse universo na sessão fotográfica?
Queremos sempre evoluir na narrativa criativa de cada campanha da Nº14. Ao longo dos anos, focámo-nos no universo do gentleman Hackett Nº14 — um homem que não compromete em estilo, qualidade e mestria.
Acredita que os homens estão cada vez mais atentos ao detalhe e à qualidade na escolha de peças de alfaiataria?
Acredito que, no geral, as pessoas começam a perceber que a verdadeira sustentabilidade na moda está em comprar qualidade — peças intemporais, que não seguem tendências e permanecem sempre elegantes.
Houve alguma peça desta coleção que o tenha marcado especialmente?
Não consigo escolher apenas uma. Cada peça da Nº14 é desenhada com atenção ao detalhe e pensada para o guarda-roupa de um homem moderno.
Savile Row é sinónimo de excelência na alfaiataria. Qual é a sua relação com esta tradição? Tem peças bespoke?
Adoro alfaiataria — é uma grande paixão. Tenho muitos fatos feitos por medida em Savile Row, peças que duram 20 anos. Acho que me tornei um embaixador não oficial da alfaiataria britânica. Sempre acreditei que um homem deve fazer um esforço no seu estilo, e a forma mais simples de o fazer é com um bom fato.
Como vê o equilíbrio entre o classicismo e a inovação na alfaiataria britânica atual?
As tradições da alfaiataria continuarão a ter um papel central. Pode não ser no sentido mais tradicional, mas tecidos, padrões ou cortes clássicos — como as calças com pregas — continuam a influenciar, mesmo quando reinterpretados com modernidade.
O que distingue um fato de Savile Row de qualquer outro? Os materiais, o corte, a tradição?
Pergunte a qualquer homem onde se fazem os melhores fatos — a resposta será sempre Savile Row. São séculos de mestria. Essa história e a tradição são únicas e nenhum outro país consegue igualar.
A moda masculina evoluiu para um estilo mais casual, mas o fato continua a simbolizar poder e elegância. Como vê essa dualidade?
Muitos homens têm uma relação estranha com fatos — usam-nos apenas para o trabalho ou ocasiões formais. Mas isso é não entender o potencial da alfaiataria. Escolher um tecido menos convencional ou um corte desestruturado mostra que se percebe a versatilidade de um fato.
Há alguma figura histórica ou do cinema britânico que sempre o tenha inspirado em termos de estilo?
Tantas. O Rei Carlos, Paul Newman, Cary Grant… Todos têm em comum a confiança e o gosto pessoal. São homens que seguem o seu estilo, sem se deixarem levar por tendências.
O que significa o luxo para si? É mais sobre exclusividade, qualidade ou experiência?
Luxo não tem a ver com nomes de marcas. Não é gritar o que se está a vestir. É entender que luxo representa qualidade, estilo e artesanato.
O luxo está a transformar-se, com mais foco na sustentabilidade e personalização. Como vê esta mudança?
O luxo sempre foi sobre individualidade e qualidade. Isso perdeu-se com a globalização e o comércio online. Mas estamos a regressar à essência: peças duradouras, feitas com estilo e qualidade.
Para além da moda, quais são as suas paixões no mundo do luxo? Relógios, carros, viagens?
As minhas verdadeiras paixões são o restauro e o design — seja em roupa, arquitetura ou automóveis. Adoro devolver peças históricas ao seu esplendor original para que outras gerações possam desfrutar delas.
Acredita que um homem bem vestido transmite mais confiança?
Um homem bem vestido transmite confiança, mas o mais importante é a confiança que ele sente em si próprio quando se veste bem.
Se tivesse de descrever o seu estilo pessoal em três palavras, quais seriam?
Contemporâneo. Simples. Elegante.







