Nasceu em Beverly Hills, mas foi em Portugal que encontrou terreno fértil para crescer. Os consultores da The Agency chegam de mundos distintos, falam línguas diferentes e carregam histórias improváveis. Ali não se vendem apenas casas — criam-se ligações reais, em português e noutras tantas línguas faladas com o coração.
Num mercado onde tantas marcas prometem exclusividade, a The Agency responde com algo mais difícil de medir — e talvez mais raro: humanidade. Fundada em Beverly Hills e impulsionada por uma exposição mediática global graças à série Buying Beverly Hills, a The Agency é uma marca com notoriedade internacional. Em Portugal, tornou-se rapidamente uma operação em crescimento acelerado — com uma subida de 345% em vendas num único ano — e, mais do que isso, numa comunidade que fala mais de 20 línguas e representa mais de 30 nacionalidades.
“A diversidade não foi um acaso. Foi uma escolha”, diz Ayres Neto, responsável pela operação nacional. “Queríamos uma equipa que espelhasse o mundo, porque o imobiliário de luxo hoje é isso: global, fluido e feito de pessoas com passados improváveis.” O ADN da empresa assenta num modelo colaborativo, onde não há espaço para os egos inflamados típicos do setor. “Valorizamos a escuta, a empatia, a ideia de que o verdadeiro luxo está na forma como se é recebido”.
Essa abordagem humana começa logo no recrutamento. Já não se procura um “perfil ideal”, mas sim atitudes: sensibilidade cultural, espírito de equipa, inteligência emocional. O resultado é um coletivo improvável — onde ex-modelos, celebridades, ex-pilotos ou gestores da aviação executiva trabalham lado a lado para acompanhar clientes vindos dos quatro cantos do mundo.
A diversidade é também reflexo da clientela que serve. Portugal está hoje no radar de norte-americanos, brasileiros, nórdicos e investidores do Sudeste Asiático. Em comum, procuram estabilidade, segurança, sol durante quase todo o ano, e uma qualidade de vida que conjuga o melhor da Europa com um ritmo mais humano. “Querem casas, sim. Mas também querem raízes — mesmo que sejam temporárias”, acrescenta Ayres.
Na The Agency, o conceito de “luxo com significado” ganha forma nos detalhes: o atendimento personalizado, a escuta ativa, a atenção às referências culturais e a capacidade de criar relações reais. “Quando o cliente encontra um consultor que fala a sua língua — literal e emocionalmente —, sente-se acolhido. E isso muda tudo”.
Capítulo I: O anfitrião
Christopher Peter Kirby-Higgs nasceu no Quénia, estudou em Londres e Toronto, e vive em Portugal desde 1986. Durante mais de uma década, trabalhou na NetJets, a empresa líder mundial em aviação privada, onde aprendeu a arte de antecipar necessidades e de lidar com clientes exigentes em contextos muitas vezes delicados. “Aprendi o valor do detalhe, da confiança e da antecipação. No imobiliário de luxo, é igual: um serviço irrepreensível, mas discreto”.
Mas há outras experiências que moldaram a sua forma de trabalhar. Christopher é também piloto de automobilismo há quase 30 anos — e sabe bem o que é tomar decisões rápidas com precisão milimétrica. “O automobilismo ensinou-me a manter o foco, a consistência e o autocontrolo, mesmo sob pressão. Tudo isso é essencial quando se está a gerir investimentos desta dimensão.”
Ainda assim, é à infância que volta quando procura explicar a sua forma de receber os clientes. “Fui criado numa família onde receber bem era uma arte. Os meus pais adoravam ser anfitriões, principalmente quando vinham amigos do estrangeiro, numa altura em que não havia internet nem Google Maps. Nós éramos os guias — mostrávamos o verdadeiro Portugal, partilhávamos tradições, recantos secretos e, claro, boa comida”.
Hoje, essa herança manifesta-se em cada interação com os clientes: “Quero que os meus clientes se sintam em casa desde o primeiro momento, que tenham um porto seguro e um amigo no seu agente imobiliário.” É por isso que, para Christopher, o trabalho não acaba quando se encontra a casa ideal. Lembra-se bem de uma família que se mudou para Cascais: “Encontrei-lhes a casa, claro. Mas também a escola dos filhos, o restaurante para celebrar a chegada, a forma de se sentirem bem-vindos. Hoje, são amigos com quem janto regularmente”.
Para ele, “o verdadeiro luxo é esse: quando um cliente sente que ganhou um lar — e um aliado”.
Capítulo II: O espelho
Capítulo III: O intérprete
Marcello Antony é, para muitos, um rosto familiar. Durante décadas, foi galã de novelas da televisão brasileira, entrando pela casa de milhões de pessoas diariamente. Hoje, esse capital de empatia não desapareceu — apenas mudou de contexto. “A minha história continua a ser feita de pessoas. Troquei os palcos pelo mercado imobiliário de luxo, mas continuo a escutar, a interpretar, a sentir os espaços e quem os habita”.
Trabalha sobretudo com clientes brasileiros, que chegam a Portugal à procura de segurança, estabilidade e uma nova etapa de vida. “A segurança é um dos grandes atrativos. Para quem vem de realidades instáveis, Portugal representa paz, autenticidade e uma qualidade de vida rara na Europa”.
E é aqui que a sua notoriedade faz a diferença. “Muitas vezes, a minha cara já lhes é familiar. Isso quebra o gelo, cria proximidade. Sentem que podem confiar.”
Mas Marcello não se apoia apenas no reconhecimento. Valoriza a escuta, a atenção ao detalhe, a construção de confiança. “A honestidade é essencial. Gosto de ouvir com atenção, perceber o que realmente procuram e garantir uma experiência fluida, personalizada e verdadeira”.
Recorda, com simplicidade, um gesto que para ele resume tudo: “Uma cliente quis tirar uma foto comigo no final do processo. Um gesto pequeno, mas com significado enorme. Mostrou-me que a experiência que viveu teve impacto emocional. O luxo está nesses laços”.
Hoje, leva para o imobiliário não apenas a empatia que sempre o definiu como ator, mas também um olhar criativo e a capacidade de interpretar desejos, silêncios e sonhos. “O luxo, no fundo, é saber ler o que ainda não foi dito”.
Capítulo IV: A visionária
Kristiina Heinmets já foi Miss Estónia e finalista de um concurso de beleza internacional. Hoje, vive em Portugal e ajuda outros expatriados a encontrar não só casas, mas também sentido de pertença. “Como estrangeira, entendo o que os meus clientes sentem. As dúvidas, os medos, os detalhes culturais que escapam a quem nasceu cá”.
Trabalha sobretudo com clientes do Leste europeu e conhece bem as exigências do segmento. “Pedir um cofre em tamanho real ou prateleiras com espelhos para expor carteiras Hermès pode parecer excêntrico. Mas, para eles, é normal. E eu respeito isso”.
Para Kristiina, Portugal é uma “jóia escondida do mundo”. E acrescenta: “Não se descreve, sente-se. Por isso é que, tantas vezes, quem compra aqui uma casa… acaba por ficar para sempre”.
Capítulo V: A surfista
Doerthe Premer deixou uma carreira na BMW em Munique para seguir o mar até Portugal. Começou a surfar, apaixonou-se pela vida junto à costa e acabou por redescobrir no imobiliário um propósito. “Queria um trabalho com significado, que me permitisse conciliar família, liberdade e relações humanas. Redescobri essa vocação no imobiliário — e encontrei na The Agency um lugar onde trabalhar em parceria é um valor real”.
Hoje, essa ligação ao mar está longe de ser apenas simbólica. “Adoro comparar o surf com o trabalho no imobiliário. Existem muitas semelhanças. Quando se trata de grandes negócios, é um pouco como surfar ondas grandes: grandes ondas, grande responsabilidade — e, se algo corre mal, o wipeout também é grande. Mas quando tudo corre bem, é das melhores sensações do mundo. Apanhar uma boa onda exige muito trabalho — o remar. Tal como no imobiliário, o sucesso só vem com esforço e dedicação”.
Doerthe fala com propriedade: ela própria comprou um imóvel em Portugal, sem dominar a língua nem os processos legais. “Estava completamente dependente da agência que me vendeu a casa. Hoje, como consultora, sei o quanto é importante explicar tudo — passo a passo — a quem está a comprar aqui pela primeira vez.”
Fala alemão, inglês e português, e isso permite-lhe criar pontes de confiança com compradores de várias origens. “A pontualidade e a organização são valores que trago do meu país, a Alemanha — e que aplico no meu trabalho. Mas também valorizo o lado humano, a escuta, o respeito mútuo”.
Recorda com clareza a tensão de um processo que se arrastou durante semanas por questões bancárias. O vendedor dormia numa casa vazia, ligava-lhe todos os dias. “Foi emocionalmente desafiante para todos. Mas quando a venda se concretizou, foi como sair debaixo de uma onda gigante. O alívio foi total.” E hoje, sempre que se cruzam no supermercado, trocam um sorriso cúmplice.
No fundo, resume, “são as ondas pequenas e os negócios discretos que muitas vezes ensinam mais — e que, por vezes, dão ainda mais prazer”.
Capítulo final: Um mercado em mudança
Para todos, o setor está a mudar. Portugal continua a atrair investidores — americanos, brasileiros, europeus — seduzidos pela segurança, pelo sol e pela vida com menos pressa. Zonas como Comporta, Cascais, Ericeira ou o interior do Alentejo surgem como novos hotspots para quem procura mais espaço, mais autenticidade, mais silêncio.
Na The Agency, cada agente é também um anfitrião, um conselheiro e, por vezes, um cúmplice. “Não vendemos propriedades. Facilitamos começos”, resume Ayres Neto. E, se o luxo for mesmo feito de histórias, então esta é uma marca com biblioteca cheia.

















