Três viagens pela Ásia com Joaquim Magalhães de Castro e a Pinto Lopes Viagens recriam as missões dos jesuítas portugueses no Tibete, Ladaque e China, cruzando aventura, história e espiritualidade.
Já em setembro, entre os dias 28 e 20 de outubro, a viagem mais ambiciosa do ano recria uma das maiores epopeias terrestres da História: o percurso de Bento de Góis, leigo jesuíta açoriano que, em 1603, partiu da Índia em busca do mítico reino do Cataio — onde se acreditava existirem cristandades esquecidas — e que só décadas mais tarde se viria a revelar como a China. Disfarçado de mercador arménio, com arco ao ombro e cimitarra à cintura, Bento de Góis cruzou o atual Paquistão, percorreu desertos e cidades da Ásia Central, enfrentou intempéries e intrigas, até alcançar a mítica muralha chinesa. A viagem proposta pela Pinto Lopes Viagens procura, na medida do possível, seguir as suas pegadas, com paragens emblemáticas no Vale do Hunza, em Gilgit-Baltistão, e no deserto de Gobi.
Através destas propostas, a Pinto Lopes Viagens reforça o seu compromisso com o turismo cultural, desenhado para quem procura experiências com memória, guiadas por quem sabe contar a História onde ela aconteceu. Mais informações AQUI.
À conversa com Joaquim Magalhães de Castro
A raiz da jornada: a experiência como base para a seleção
A relação com a história portuguesa surge naturalmente neste contexto. “A viagem, que começou por um gosto pessoal, tornou-se uma atividade profissional, sendo agora um canal para revisitar a nossa história e a presença portuguesa em regiões tão distantes, como o Tibete ou a Ásia Central.” As expedições aos Himalaias e ao Ladaque, que já contam com uma base documental sólida e uma conexão pessoal do próprio Magalhães, ajudam a recriar e trazer à tona uma narrativa ainda pouco explorada pela historiografia tradicional.
A pesquisa e a seleção das fontes históricas
Ele cita ainda os desafios de estudar documentos antigos e comparar as várias versões de lugares e trajetos. “A maior dificuldade vem das diversas grafias de nomes e lugares. Algumas vezes, os locais não são reconhecidos ou são mencionados de formas muito diferentes nas fontes históricas.” Contudo, essa complexidade não desanima o pesquisador, que prossegue com a mesma dedicação.
O impacto das viagens: momentos de emoção e superação
Mas também reconhece que as expedições em regiões remotas nem sempre são fáceis. “As condições no terreno são bastante desafiantes, especialmente no que diz respeito ao alojamento e alimentação. Contudo, o esforço é recompensado pela beleza e a riqueza histórica dos locais visitados”, revela, apontando a melhora das infraestruturas nos últimos anos, como no Tibete, onde a oferta de serviços tem avançado significativamente.
A memória portuguesa: entre esquecida e redescoberta
Algo que salta aos olhos durante a conversa com Magalhães é a quase total ausência de memória histórica local sobre a presença portuguesa nestas regiões. “Embora a passagem dos portugueses tenha sido significativa em momentos-chave, como nas missões jesuítas, a memória local, infelizmente, perdeu-se”, observa. A busca por vestígios físicos e registos sobre esses momentos históricos continua a ser um desafio constante para o investigador. No entanto, Magalhães não desanima: “Acredito que ainda há muito a descobrir e investigar.”
Novos horizontes e a proposta dos novos circuitos
Falou-nos também sobre a profundidade de sua relação com a Rota da Seda e as paisagens do Hindu Kush, locais que considera como parte do seu “verdadeiro batismo asiático”, onde aprendeu a língua uigur e cultivou amizades com diversas etnias.
“Quero que os participantes se entreguem ao inesperado. Não se trata de seguir um roteiro pronto, mas de se despojar das certezas para vivenciar novas realidades.” O convite final do investigador é para que os viajantes se liberem de preconceitos e estejam dispostos a serem surpreendidos: “As surpresas e as descobertas são garantidas. Cada viagem é única, assim como cada experiência no terreno.”







