O que motivou a Glenrothes a reforçar a sua presença em Portugal nesta altura?
O consumidor português tem um paladar sofisticado. Também compreende e aprecia a qualidade e o tempo necessário para a criar. À medida que evoluímos e começámos a compreender melhor o mercado, o momento certo, como acontece com a maioria das coisas que vale a pena esperar, foi este.
Como descreveria o perfil do consumidor de whisky premium português?
O consumidor português de whisky premium evoluiu significativamente na última década, passando das misturas tradicionais para expressões mais sofisticadas. Predominantemente masculino, mas com um interesse crescente por parte das mulheres — sobretudo nos centros urbanos e através da mixologia ou de contextos experienciais. O consumidor é muito focado na qualidade e gosta de descobrir novas expressões. A individualidade do Malt Scotch tem um apelo crescente e uma descoberta crescente entre os apreciadores de whisky, e a cultura dos cocktails está a trazer uma geração mais jovem para segmentos que antes eram de nicho. O whisky premium é frequentemente comprado para ocasiões especiais, com a embalagem e o prestígio da marca a desempenharem um papel importante.
Que estratégias está a marca a adotar para se diferenciar no mercado nacional?
O Glenrothes não é um whisky popular. Não pretendemos estar em todo o lado. Este líquido é precioso e destina-se àqueles que realmente gostam de whisky e, juntamente com o seu conhecimento de alta qualidade, procuram descobrir e explorar marcas menos conhecidas. Não precisamos de nos diferenciar tanto, mas sim fazer questão de estar onde estão as pessoas que se identificam connosco.
Glenrothes tem quase 150 anos de história. Como se mantém o equilíbrio entre tradição e inovação?
O envelhecimento lento e o uso exclusivo de barris de xerez são imagens de marca da destilaria. Até que ponto estes fatores contribuem para o caráter único do whisky?
A maturação lenta é essencial para o estilo de The Glenrothes. Isto permite que o whisky desenvolva complexidade e equilíbrio ao longo do tempo, algo que valorizamos profundamente em todas as marcas de prestígio da Edrington. Todos os nossos whiskies amadurecem nos nossos armazéns tradicionais, localizados na nossa propriedade em Speyside. O clima local único e a humidade natural criam condições ideais de envelhecimento, resultando numa maturação lenta e suave e numa parcela muito limitada do vinho. Isto garante que, mesmo depois de décadas, o whisky mantém o seu equilíbrio e profundidade naturais. Utilizamos principalmente barricas de carvalho americano e europeu, temperadas com xerez, que realçam a elegância natural e o sabor frutado da nossa bebida. Ocasionalmente, incorporamos barris de bourbon de recarga em expressões específicas, como o de 25 anos ou o nosso Exceptional Single Cask de 34 anos, para ajustar o equilíbrio.
A nossa abordagem evita o perfil excessivamente seco encontrado em alguns whiskies muito envelhecidos em xerez. Em vez disso, procuramos uma experiência suave e completa, onde as notas frutadas brilhantes permanecem presentes mesmo após décadas de envelhecimento. O whisky evolui ao longo do tempo através de um equilíbrio de três fontes aromáticas: o destilado original, a influência do barril e o carácter maduro de Glenrothes. Quanto mais o whisky envelhece, mais harmonioso se torna este equilíbrio, atingindo o seu auge nas nossas expressões mais raras.
O Glenrothes 32 anos tem notas de figos secos, chocolate negro e casca de laranja cristalizada. Como são selecionados os barris para criar perfis de sabor tão distintos?
O que torna a Glenrothes Whysky Master Class numa experiência exclusiva e diferenciada?
A Glenrothes Whisky Master Class (WMC) foi criada como uma introdução focada e envolvente à identidade da nossa destilaria. É uma experiência para grupos pequenos, limitada a alguns convidados, onde cada detalhe foi cuidadosamente selecionado para refletir os nossos valores de herança, artesanato e precisão. Começa com uma exploração guiada dos nossos 150 anos de história em Speyside, das pessoas, do lugar e da filosofia por detrás do The Glenrothes que moldaram o nosso estilo distinto. A partir daí, vamos ao coração da nossa produção: os hóspedes descobrem como os nossos alambiques altos, a fonte de água natural e o uso exclusivo de barris de carvalho temperados com xerez definem o carácter brilhante e elegante do nosso whisky.
Para além dos aspetos técnicos, o WMC também apresenta aos participantes o nosso universo criativo, através do nosso programa de Arte Global e de colaborações que mostram como o whisky se pode ligar a formas mais amplas de expressão. A sessão termina com uma degustação privada, incluindo edições principais e raras. Os convidados são convidados a partilhar as suas impressões, a fazer perguntas e a compreender melhor como cada elemento, desde os elementos naturais em bruto ao envelhecimento, contribui para o resultado. Esta experiência não é apenas sobre aprendizagem; trata-se de se tornar parte da nossa comunidade, uma comunidade que valoriza a autenticidade, o conhecimento e a excelência silenciosa que define The Glenrothes.
Quais são as principais tendências que está a observar no setor das bebidas de luxo?
Hoje em dia, muitas casas de whisky premium estão a ultrapassar os limites com acabamentos experimentais e maturação múltipla, utilizando de tudo, desde barris de rum e vinho a barris de turfa escaldantes, para chamar a atenção e oferecer novos sabores. Embora estas técnicas lúdicas criem buzz e ofereçam combinações de sabores surpreendentes, também correm o risco de diluir a identidade central de uma marca. No The Glenrothes, seguimos um caminho diferente. Em vez de adicionar tratamentos extra, intensificámos a nossa lenta maturação em barricas de xerez e o envelhecimento no local de Speyside para deixar o nosso espírito natural brilhar. Ao utilizar estes atributos – património, arte e experiência – oferecemos uma alternativa clara às tendências de acabamento múltiplo, demonstrando que o verdadeiro luxo pode surgir da paciência e da tradição.
Qual acha que é a melhor forma de saborear The Glenrothes e que momentos acha que são ideais para o desfrutar?
O Glenrothes ganha realmente vida em momentos de relaxamento, seja numa noite tranquila perto da lareira, no encerramento de um jantar ou numa conversa entre amigos. O seu sabor frutado brilhante e as especiarias suaves fazem dele um contraponto perfeito para queijos ricos ou chocolate negro, recompensando uma degustação lenta e contemplativa à medida que cada camada se revela. Estas experiências partilhadas geram conversas genuínas na nossa comunidade, alimentando a curiosidade, aprofundando o conhecimento e inspirando os hóspedes a tornarem-se defensores apaixonados do The Glenrothes.






